JESUS RESSUSCITA O FILHO DA VIÚVA - Lucas 7:11-16.
Jesus parou o cortejo fúnebre e ressuscitou o filho único
de uma viúva.
Contexto do milagre. Jesus tinha um ministério itinerante, viajando especialmente pela província
da Galiléia (compare Mt 4.23). Lucas diz que uma dessas viagens aconteceu um
dia depois da cura do servo do centurião. Jesus chegou à cidade de Naim, que
não ficava longe de Nazaré. Enquanto Ele chegava, uma grande multidão seguia um
cortejo fúnebre. O costume judaico exigia que a pessoa fosse enterrada no
dia em que morresse. O corpo não era carregado num esquife (caixão), como nosso
texto sugere, mas num cesto aberto de vime. Era considerado importante para as
pessoas acompanharem um cortejo enquanto este passava, a fim de que os
enlutados pudessem ser acompanhados no sepultamento do ente querido. Logo, a
ressurreição do filho da viúva foi testemunhada por muitas pessoas.
Personagens do milagre. Os personagens centrais no drama foram Jesus, a viúva, seu filho, e a multidão
que acompanhava o cortejo.
Jesus. Apesar de Lucas enfatizar o lado humano de Jesus, esse é
o único relato de milagre no qual Lucas menciona a compaixão de Jesus. Em
contraste, a compaixão de Cristo pelos sofridos é mencionada três vezes em Mateus
(14.14; 15.32; 20.34) e três vezes em Marcos (1.41; 6.34; 8.2). Ninguém nesse
relato pediu ou esperava o milagre que Jesus fez.
A viúva. Lucas indica que Jesus teve compaixão "dela"
(Lc 7.13). Enquanto Lucas descreve suas lágrimas, ele também apresenta duas
razoes especiais pela reação emotiva de Jesus. Primeiro, o morto era o único
filho dela. Segundo, a mulher era viúva. A situação de uma viúva nos tempos bíblicos é expressa
nesta citação do rabino Eliézer: "Um escravo ganha ao receber a liberdade
do seu senhor, mas, para uma mulher, é desvantagem, pois se torna
desqualificada para receber temurah e perde seu sustento" (Gittim
12:b). Uma esposa era vulnerável no mundo antigo. Enquanto seu marido vivia,
ele assumia a responsabilidade pelo seu sustento. Quando ele morria, precisava
sustentar-se sozinha. O problema era complicado neste caso porque, no judaísmo
do primeiro século, mulheres não podiam herdar propriedade dos seus maridos.
Propriedades familiares eram transferidas aos filhos e, em casos especiais, a
uma filha. Apesar de haver sistemas pelos quais maridos ricos podiam prover
sustento para suas esposas mesmo depois de mortos, a típica família galiléia
tinha poucos recursos. Então cabia ao filho mais velho cuidar da sua mãe,
segundo o mandamento "Honra teu pai e tua mãe" (Ex 20.12).
Mas a viúva de Naim era um personagem realmente trágico.
Perdera seu marido, e agora seu único filho, ficando desamparada. Não é de
admirar que jesus tivesse compaixão dela!
O filho morto. Quando Jesus ressuscitou o filho da viúva, ele o chamou de
"jovem" (v. 14). O termo sugere que ele não era casado nem tinha
filhos.
A multidão. A reação da multidão ao milagre de Jesus foi bem
diferente da que ocorreu na cura do homem paralítico (Lc 5.26). Naquela cura,
os líderes religiosos glorificaram a Deus, em vez de atribuir a cura a
Jesus. Nesta cura, a multidão glorificou a Deus porque "grande profeta se
levantou entre nós" (Lc 5.16).
Como
a história se desenrola. Jesus
"coincidentemente" chegou a Naim no momento em
que o cortejo fúnebre saía. Jesus teve compaixão da viúva, disse-lhe para não
chorar e colocou a mão no esquife para parar o cortejo. Então dirigiu-se ao
jovem, mandando-o levantar-se. Restaurado à vida, o jovem sentou-se, começou a
falar e foi devolvido por Jesus à mãe viúva. A multidão ficou maravilhada e
glorificou a Deus por novamente levantar um profeta em Israel.
"Jovem,
eu te mando: levanta-te!" (Lucas
7.14). Vários dos milagres de Jesus foram comparados aos de
Elias e Eliseu no oitavo século a.C. Como esses dois profetas, cada um dos
quais restaurou um defunto à vida, Jesus também ressuscitou mortos. Mas há uma
diferença significativa na descrição do processo. Elias e Eliseu oraram,
esperaram e até estenderam-se sobre os cadáveres antes que estes fossem
ressuscitados. Jesus não orou a Deus. Simplesmente ordenou, e o jovem reviveu.
Jesus tinha em si mesmo o poder de dar vida aos
mortos, pois era Deus. O paralelo entre Jesus e os antigos profetas não passou
despercebido às testemunhas. Sua exclamação alegre, "Grande profeta se
levantou entre nós", reflete sua associação imediata de Jesus com Elias e
Eliseu.
"Deus
visitou o seu povo" (7.16). A expressão é
idiomática, significando "Deus está agindo entre nós novamente!" Os
milagres que marcaram a intervenção de Deus em Israel no passado estavam agora
sendo realizados por Jesus. A história, certamente, chegara a um grande ponto
decisivo!
"Vendo-a,
o Senhor" (Lucas 7.13). Lucas relata
anteriormente conversas nas quais outras pessoas chamam Jesus de
"Senhor" (Lc $.8, 12; 7.6). Mas esta é a primeira vez em que Lucas
refere-se a Jesus como "o Senhor". Com esse milagre, Lucas esperava que
seus leitores reconhecessem Jesus como Senhor.
O
significado do milagre. O milagre em
Naim teve grande significância religiosa. Primeiro, revelou a compaixão de Jesus. Segundo,
estabeleceu a extensão ilimitada do poder de Jesus. Ele exerceu controle sobre
demônios (Lc 4.33-36, 41), doenças (Lc 5.12-15; 5.17-26), e agora até sobre a
morte (Lc 7.11-17). Terceiro, sua correspondência aos milagres
feitos por Elias e Eliseu marcou Jesus inconfundivelmente como profeta aos
olhos do povo. No entanto, talvez haja uma mensagem ainda mais
importante. Nesse milagre de vida restaurada, Jesus tomou a iniciativa. Ele
também viu a necessidade, teve compaixão, foi ao encontro do homem morto e restaurou
sua vida. Que descrição clara da nossa salvação! Não buscamos a Deus. Como
pecadores perdidos, éramos hostis a Deus e considerados seus inimigos por causa
das nossas obras pecaminosas (Cl 1.21). Mas Deus teve compaixão de nós, tomou a
iniciativa e enviou seu Filho à terra para que, com sua morte no Calvário,
Jesus viesse ao nosso encontro e nos tocasse. Com esta ação, Ele fez mais do
que restaurar vida física. O Cristo crucificado e ressurreto nos ofereceu
perdão e vida eterna. Jesus tomou a iniciativa, e tudo o que podemos fazer é
aceitar pela fé a dádiva maravilhosa da vida que só Ele pode dar.
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